As ideias e os ideais (há que distinguir o que é ideal para mim do que seria o ideal universal e o ideal absoluto) funcionam como guias ou coordenadas da vontade, mas sabemos que esta é instável e, não raro, caprichosa, cedendo a veleidades, vícios e fraquezas. Pelos ideais se aferem as realidades, físicas, sociais, comportamentais, epistemológicas, culturais... Muitas vezes não gostamos das coisas como elas se nos apresentam porque estamos “apaixonados” pelo que achamos que elas deviam ser. Outras vezes, a realidade que se nos impõe é de tal modo adversa aos nossos desejos e à nossa vontade que nos sentimos profundamente frustrados e revoltados. Mas não se ama o que não existe. O amor é por aquilo que é, como é e não como devia ser. Quando amamos alguém não amamos a pessoa ideal (que não existe e nunca conheceremos) mas amamos uma pessoa como ela é e não como, em nosso entender, ela devia ser.