Com uma mão ...
cozo as palavras na espuma sólida das ondas
e com a outra,
brandamente, lentamente,
afago o corpo do vento. A fola do vento,
... agora solta, na falésia e,
lá em baixo, no fundo profundo, no avesso do mundo,
lá onde o silêncio ecoa mais alto, num plano de água,
de cascos ruidosos, fumarolas se elevam
em bordaduras de cinzas.
Resquícios de fogueiras em que me aqueci.
De que me esqueci.
Que se esqueceram de mim...
... aqui,
aqui ao lado, nos pinheirais bravios,
sibilam ventanias. Esta voz que ecoa, que é tenor.
Aqui, já não mora a força, a coragem, o destemor.
Já nada resta. O mar é tão somente,
apenas é,
... bruma
... espuma.
Caruma deserta...
Agora, neste instante momento
uma gaivota atravessa nua o flanco do desalento,
e do poeta se eleva, na ponta do seu bico,
a arma, a alma circunflexa,
donde se solta a flecha. Perfura a carne
na determinação de tecer poesia da podridão,
de ser abegão d’obra permanentemente incompleta.
... aqui, já nada resta! É dor, dolente, infecta!
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