Estes desfiles pantagruélicos de obsessão desmedida exibindo as carnes cerebrais todas parecidas umas com as outras não me parecem terem nada de interesse para o cliente mais conhecedor e exigente.
Embora sem qualquer interesse, quer estético, quer erótico, este desfile tem, pelo menos uma coisa a seu favor: lembra-me as velhas casas de meninas de antigamente.
A quem é que não sendo desse tempo não faz recordar o ambiente castiço e acolhedor dessas casas, normalmente adornadas com uma luz à porta e com porteiro trajado a rigor que advertia os clientes para os excessos de linguagem? E havia muitas, a Rosete ao Alto da Maia, O Pérola Negra à Gonçalo Cristovão, a Madame Blanch ao Carvalhido, esta ultima mais para Srs governadores e altos funcionários camarários. Conforme o estatuto do cliente era a Patroa que dava umas palmadas sonoras dando o alarme para que as meninas desfilassem mostrando as carnes que voluptuosamente se entrevia entre os ligueiros, as sedas e rendados, e havia para todos os gostos, gordas, magras, assim assim, boazudas, coxas e zarolhas para que ninguém visse os seus gostos serem trocados. E o preço era dito de forma franca, alto e bom som enquanto o cliente aquilatava da firmeza da mama, do sedoso da pele e se informava das especialidades da menina cantadas ao mesmo tempo que o preço para que ninguém comesse gato por lebre.
Agora nesta exposição poética que é que se sabe? Nada, tudo de plástico, quando muito que gostam de louvar ao senhor em jeito contristado, de se sentir perseguidas, de chamar fascistas aos quatro ventos, mas de real mesmo que complete a sua função de saciamento, “rien”.Isto não visa desencorajar este desfile pobre e triste, não senhor, visa isso sim melhorá-lo e torná-lo mais aliciante ao leitor(a), (cliente) atento e exigente. Que o ambiente seja revitalizado e elevado aos tempos áureos. Isto sim é um acto cultural e emérito digno de realce e encorajamento.
Por isso propunha que alguém fosse a encarregada de bater as palmas e chamasse as meninas à sala, alguém cuja arte de propagandear as suas obras fosse tão grande que não merecesse contestação de ninguém. Depois podia-se aproveitar um eunuco que levaria as toalhas ao quarto, podia ser um colibri perfumado e com ares abichanados como convém nestes casos para que os clientes não se sentissem ameaçados com a concorrência.
Os leitores agradeceriam e o webmaster empochava mais uns cobres em clicks adicionais na publicidade que isto bem precisa de espaço com os ramos de rosas e imagens brega que trocam umas com as outras.