Ai, se meus olhos fossem o espelho,
Do que cá dentro cala meu pobre coração,
Ficaria minha alma desnuda,
Violentaria esta estrutura,
Que me mantém forte e me segura,
Desvitalizaria as raízes, que me alimentam,
E me trazem a beber o húmus da vida,
Que me mantém viva como a fruta madura,
Que se põe pronta para alguém a comer.
Tremeriam meus alicerces,
Que me suportam,
E que me fazem vencer,
Todos os ventos e as tempestades,
Com sua firmeza e constância.
Se os meus olhos te contassem,
O que em meu espírito, de ti se inventa,
Eu alienava e destituía-me de toda esta minha emoção!
Ai,
Olhos meus, mas sede verdadeiros!
Deixai em mim ruir toda minha arquitectura,
Porque sei que vai valer a pena se conseguir,
Entregar-me inteira a quem me merecer!