I
Seriam meus olhos
fontes eternas?
Não hão de secar
Em um dia qualquer?
É como se tudo
se revirasse aqui dentro
Meu peito queima
E um grito mudo
Lancina minha garganta
Uma angústia amarga
Cega-me a visão
Um escuro sinistro
Me engole
Me agita
Em mais nada consigo pensar
São chicotadas
facadas
É um martírio
Uma dor incalculável
Que me alucina
Um fogo impiedoso
Que me faz explodir
Em pedacinhos
Espalhados por aí
II
A noite me envolve
Fria
Soturna
E eu sinto medo
Minha face se congela
Numa expressão de dor
As lágrimas ainda rolam
Os gemidos lúgubres ainda rasgam o silêncio
junto com a chuva
Chuva de cristais
Cristais de vidro e sangue
O suspiro perpetua
uma solidão seca
Um rosto borrado
Com as marcas do tempo
As marcas da mão
Que arranharam a si mesmas
III
Oh, oportunista!
Aí vem ela
De mansinho
E se apodera
De uma mente fraca
De uma alma machucada
Tome conta de mim
Loucura. Quero-te
Não me deixe
* Nanda