Trancaram todos
os anjos e os demônios
num mesmo cubo de vidro.
Trancaram todos
os fortes e os aleijados
num mesmo sonho viril.
Cerraram a noite
com um manto de cheiro forte
e tão pesado quanto o amor,
trancado num cubo de gelo.
Caminham os solitários e os homens
os loucos e os poetas,
à procura de novos cubos de chumbo
para adormecer as distâncias.
Trancaram todos
os loucos num mesmo quarto cinzento
e soltaram as famintas discórdias
num mesmo cubo onde vivem os homens.
* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo.