Cinco décadas é o que bem define o emaranhado de sentimentos de uma madura mulher. Inúmeros são ainda os questionamentos, são os pensamentos que nos povoam, mas temos o bom senso como aliado em compreender que tais pensamentos são coisas objetivas e que temos a força e o poder de modificá-los ao nosso favor, é o tal saber que se diz sábio em nós.
Não quero dizer que somos imunes a atitudes e comportamentos negativos, apenas temos nossa sensibilidade mais aguçada e serenada ao confrontar nossas satisfações às insatisfações. Abraçamos nossa feminilidade na mesma proporção que ela tenta se esvair de nós, na ausência cíclica do fluxo mênstruo que nos rouba a prenhe fertilidade, mas, em contrapartida resta-nos o “instinto hormonal”, e já estamos abastadas e marcadas de maternidade.
Duelamos com a foice do tempo que em cada golpe nos deixa cicatrizes por incisão a pele e a alma,quando nos faz cientes de nosso inexorável declínio, e nos faz penetrar o medo da caricatura da velhice, a dorida sensação de deixar escapar por entre os dedos a “idade dourada” a juventude, mas, que de positivo também nos livramos da sensação de ser mulher objeto, de ser frivolidade, quando entendemos com mais clareza as regras do jogo que nos foram impostas, como da “doçura Barbie” que de certo, também aos cinqüenta anos já deve ter percebido que podemos e queremos ser mais que esbeltas, puras, boas e submissas, mesmo tendo em nossa essência cor de rosa, o gosto apurado das flores, do batom, do salto alto.
Temos a plena consciência da simbologia sexual que reveste nossa natureza feminina, mas que deliciosamente a utilizamos ao nosso domínio com escolha e sofisticação. Já sabemos ler nas entrelinhas os valores a nós estabelecidos das pressões sociais e deles resgatar exclusivamente o que nos vale à pena independente da pseudo moralidade a nós atribuída.
Adquirimos com a maturidade um estado de paz e suavidade na consciência de fazer prevalecer nosso papel, nossa luta, nossos sonhos e planos, enquanto processo feminino de crescimento. Passamos a nos amar e nos respeitar mais, e por tabela compartilhar generosamente esses sentimentos. Os anseios e os medos ainda marcam presença, mas já não parecem ser os monstros tão espantosos, os desejos e conquistas são mais brandos e não menos audaciosos.
Compreendemos ser passageiras da efemeridade da vida e que o tempo que nos resta tem sim ideologia, tem sabor, tem cheiro, tem som, tem ponto de vista em toque de sensação, ao abraçar-mos cada átimo dele com impressionabilidade, sensibilidade e assombro de admiração.
Que gire a roda do Tempo!
Lufague
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Das palavras, as mais simples. Das simples, a menor.” Winston Churchill