Poemas : 

A pátina rochosa dos tempos idos (Versão YouTube)

 


A pátina rochosa dos tempos idos

Não quero falar mais do que não sei,
esperam-me as abruptas paisagens do infinito.
Dou-me ao de leve, para que não me machuquem,
sou filho lento, incomodado pela ondulação nocturna,
sou alheio ao toque e sensível aos abraços que perduram.
Rejeito a dor incómoda, trespassada pelos suspiros em vão,
leio-me nas folhas fechadas de um diário,
que há muito deixou de ser escrito.
Sou como as águas correntes, que encontram sempre um mar.
Sou maré negra, obscurecida pela pátina rochosa dos tempos idos,
revolvo-me como um verme no lodo insolente do pensamento,
dou-me à emoção que dói por ser tão pura,
queixo-me da falta do abraço que não chega,
e daquele que não quero, mas que me obrigo a dar.
Deleito-me com o morno mosto do vinho farto,
inebrio-me nos odores do corpo,
cheiro a sal, a maresia e a força oculta,
e misturo-me na mescla amorfa da emoção reprimida em mim.

 
Autor
jomasipe
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1161
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
10 pontos
2
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Egéria
Publicado: 27/07/2010 21:05  Atualizado: 27/07/2010 21:05
Usuário desde: 28/09/2009
Localidade:
Mensagens: 947
 Re: A pátina rochosa dos tempos idos (Versão YouTube)

Beijinhos mano