Um grito precede a dor
A mão estendida
Representa a peça
De uma vida melhor
São invisíveis os grilhões
Psíquicas as mordaças –
Presentes na falta de vontade
De lutar
E não lutar por nada –
Uma fileira de amorfos
Limita a opção
Ao medo
Do comodismo!
Quanto cinismo!
O barco afunda-se
Numa preia-mar sem cais
Vestem-se os homens de luto
E nada mais…
Quando ainda faziam da razão
Uma espada
O sangue vibrava nas gargantas
E um eco de vontades
Rasgava de sobressaltos
O conservadorismo!
Eram assim porque eram reais!
Hoje lambe-se o prato vazio
Com as chaves do carro sobre a mesa
Com medo de uma cama de árvores
Por sobremesa!
Pensa-se na justiça
Que parte reparte e parte
Acoplada à ganância
Com engenho e com arte!
Submissos
Porque também se é submisso
À injustiça
Adormece-se com o frio
Que em nós
É preguiça.
Aqui ao lado uma piscina
Enfeita a mansão protegida
De algum abutre…
Fogem as ratazanas da polícia
Porque a inveja
É um dos sete pecados mortais…
Morremos de fome e tédio
Para não nascermos
Nunca mais!
António Casado
19-07-10