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PEDAÇOS DE MINHA VIDA!

 
Essa viagem tinha que acontecer. Não dava mais para adiar, passei uma vida em busca de respostas...
... Agora eu ia em busca de um passado, sabia que em alguma ilha distante na Grécia, iria encontrar pedaços da minha vida que estava ainda envolto num mais profundo mistério.
Tive que lutar muito para que isso acontecesse, pois toda vez que eu pensava em partir, esbarrava em muitos empecilhos. Meus delírios me fizeram ser uma pessoa desacreditada. Ninguém acreditava nos meus devaneios, por fim decidi me fechar, não comentaria com mais ninguém minhas buscas. Meus ideais seriam só meus.
O destino colocou no meu caminho um anjo bom, um ser muito especial que com toda certeza se livrou dessa aura secundária que impede o ser de transcender, de sair dessa massa corpórea que prende homem em conceitos arraigados, impedindo-o com isso de apreciar o belo, o divino, o inexplicável. Foi ele que me incentivou, pois acreditava em mim. Meus delírios, minhas buscas, para ele eram muito naturais, pois ele havia passado por experiência igual e não se prendeu em nada, contou-me que numa ilha distante, sua deusa o aguardava e que o encontro fora algo indescritível.
Minha viagem começou no início do outono, sabia de antemão que nessa época o mar era mais azul, as águas do mar Egeu se tornavam cálidas e brilhantes, as noites mais estreladas, cenário perfeito para o encontro com deuses e seres mitológicos.
Assim, após alguns dias de viagem cheguei ao meu destino. Porto do Pireu, porta de entrada para minha libertação. Agora precisava encontrar minha ilha encantada, descobrir o mistério que me envolvia. Andei sem rumo, mas a cada passo que dava me sentia leve, deixei o vento acariciar meu rosto, desalinhar meus cabelos e, sobretudo, aquela chuva fina que começava a cair, lavasse minha alma e a libertasse. Eu já estava exausta, foi então que ele apareceu lindo, envolto em uma e densa cortina de chuva, caminhou até a mim, estendeu a mão e me disse:
__Venha, ha muito tempo que eu te espero, tenho tanto para te mostrar!
Assim visitamos várias ilhas, a primeira foi à ilha de Patmos, e depois, muitas outras. Era maravilhoso andar de mãos dadas com o meu amado, era doce ouvir o som da sua lira, o canto dos pássaros, ser amada a sombras dos loureiros.
Meu amigo tinha razão... O amor desconhece barreiras, o amor verdadeiro transcende, sobrevive ou renasce através dos anos, dos séculos e de vidas. Assim gradativamente íamos compondo pedaços de nossas vidas que o tempo jamais conseguiria apagar

 
Autor
Helenadepaula
 
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