O destino somos nós que o construímos no nosso dia-a-dia no convergir o sentimento com a razão. Não estamos destinados a nada senão ao que fizermos para que esse nada seja alcançado. Seja por vontade própria ou factual criamos os meios necessários para a nossa vida presente ou futura. Quem acredita no destino engana-se redondamente, pois nós nascemos para ser e crescer não para sermos um livro fechado logo à partida. O destino somos nós assim como o azar ou a sorte há que o erguer, como a uma casa que se constrói de raiz e pelas suas fundações. O destino não é uma ciência exacta e para o confirmar está em que nós todos somos diferentes e morremos em alturas diferenciadas, a única coisa que se aproxima do destino é o facto de à partida todos sabermos que morremos um dia, mas não sabemos quando nem porquê. O destino apresenta-se como um papão e condiciona a vida dos que à partida acreditam nele, como uma verdade insofismável e sem retrocesso possível. Quem condiciona a sua própria vida à existência de um destino, não vive, conforma-se com esse estado de não vivência. Muitas vezes as pessoas adoecem, passam mal, às portas da morte, e num repente ficam boas. Há quem diga logo que o destino ainda não estava marcado, quando o que aconteceu foi uma luta entre a morte e a vida, dessas pessoas, que assim pregaram uma enorme rasteira ao chamado fado que cada um de nós supostamente carrega nos seus ombros, para toda a vida: isso pode ser uma eternidade, digo eu. O destino somos nós que o preconizamos como desculpa para os nossos erros, enquanto seres humanos falíveis e de simples costumes. Somos muito previsíveis para que o destino perca o seu precioso tempo connosco, deixando isso para a sorte ou o azar de cada um. Quem procura a sorte encontra-a
porque se disponibilizou para que isso acontecesse, enfrentando todas as pelejas que apanhou pela frente, como o último dia de sua vida. Chamar-se destino às coisas que nos acontecem é fazer de nossas vidas uma coisa muito banal e sem força própria nem carácter efectivo. Prefiro chamar crescimento ao fadado destino, quem vai na vida aprendendo e apreendendo o que lhe surge pela frente, cresce muito mais rapidamente e consegue assimilar os factos desta vida como um bem maior e a tornar-se um ser consciente de muitos. Tudo nesta vida é um aprendizado desde os primeiros passos, primeiro fazem-se as coisas por imitação depois por apreensão e acumulação de conhecimento próprio.
Os crédulos chamam destino à mão de Deus, não tenho nada contra isso mas discordo plenamente pois que quem constrói a nossa vida somos nós, e nós não somos, vamos sendo, pedacinho a pedacinho até se erguer uma parede bem cimentada e fundamentada. Quem entrega sua vida nas mãos do destino é fraco para além de ser um mero espectador de sua existência, são pessoas sem vontade própria que entregam nas mãos dos intrujões o seu modo de viver e de conviver. Quem nasce tem à partida a morte, mas isso não é recorrente do que fazemos de nossa vida durante o seu curso, isso fazemo-lo nós, com as nossas próprias características e com a personalidade inerente a qualquer ser humano. Destino é o percurso que todos nós percorremos, tendo o ensinamento e aprendizagem por sua conta e risco, desde que se nasceu e fomos mais um neste mundo tão complexo.
Jorge Humberto
26/07/10