E esse sentimento flor-de-lótus entranhando alma-corpo-espírito combinando com o exato quadro realístico de flores exóticas onde miro meu olhar. Indo e vindo ao vento frio dessas noites de inverno glacial fora e dentro em mim. O corpo cansado tenta em vão e sozinho livrar-se do trabalhar penoso e intenso, profundo e incessante da mente. E tem horas aquela fisgada no peito, lado esquerdo-direito-central, por todos os lados. Chamam de angústia mas nada assusta, tudo distrai, nada descansa, tudo atrai. Traio-me. Apesar de, vejo sóis em sombras, coisas onde não há. Não fosse o lápis deslizando sobre o papel, nessa folha anteversa, não haveria onde escoar tanto sentimento transformados em pobres palavras, símbolos que rabisco, transmutação de letras-sílabas-palavras-frases-textos, e raras, onde eram abundantes, poesias. Exercito a catarse do ser. Noite alta, a luz ainda acesa, o rosto lindo do filhote dormindo na cama ao lado nessa casa centenária. Apagam-se as luzes e fecha-se o livro, sem ler o despejo que certamente será desaprovado para publicação. Ao longe, uma canção, o bater de sinos e o toque de recolher. Depois da catarse, lampejos de luz e paz.