Vamos deixar as nossas mãos falarem por nós
Temos este sentido, o tato tão extasiante
Eles nos conjuntura, não nos deixa a sós
Nossas mãos, nesta procura excitante...
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Estamos além do real e o abstrato
O fluido da vida verte de nossos corpos nus
Nossa boca flama ao mínimo tato
Nosso toque está além de tudo que seduz...
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Minha mão reconhece toda sua geografia
Percebe o calor de sua pele, o pulsar de sua radiação
Sabe o relevo aleatório de sua fotografia
Faz-me enxergar-lhe, mesmo que me faltasse a visão...
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Minha mão parece não ter calma
Ela aspira este seu aroma, este simbólico perfume
Arrepia-me o corpo, transpõe-se a minha alma
Como um ponto de luz no escuro, um vaga-lume...
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Este talvez seja meu brinquedo de prazer
O que completa esta minha adversa loucura
No seu ponto fraco, sei o que devo fazer
Se isso for uma doença, eu não quero a cura...
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Isso é bem mais que a volúpia dos sentidos
É o império do prazer que se evidência
Nossos corpos, orgasmos e gemidos
Na minha mão, o toque que reconhecia...
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Não vou deixar que minha alma ponha-se em fuga
Depois do maior desejo que se sente
Ponho a descansar-me em um corpo que se aluga
Quero que seja a minha terra, e eu sua semente...
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E divino esse amor que sentenciamos
A imagem mais perfeita, que nem a olhos iluda
Não vamos dizer pelas palavras que nos amamos
Nossas mãos que digam, nessa linguagem muda...