O calor infernal, queima a cidade
Estamos no verão, alguém desabafa
Depressa, depressa uma garrafa
Mata-me a sede, ai que ansiedade
Os pombos mergulham no chafariz
Ai quem me dera meter-me lá dentro
Devia ser bonito, tu lá centro
E o repuxo vaidoso e feliz
Corre p`rá sombra uma criança
Grita-lhe a mãe, olha o chapéu
O raio do puto de pernas ao léu
Nos seus calções cheio de pujança
Dá uns toques na bola, rebola, rebola
Corre o gaiato para o meio da rua
Travou um carro que sorte a sua
Grita-lhe a mãe levas na tola
Por entre conversas a meio da tarde
Este calor ainda me mata
A comadre logo remata
Vossemecê só faz alarde
Estamos no verão, no Alentejo
O que mais quer senão calor
Já imaginou se fossemos dispor
Escancara a boca, enorme bocejo
Adeus vizinha, vou bater a sorna
E logo mais é que faço a janta
Não sei o que tenho na minha garganta
Dói-me que se farta, vai e logo torna
Ai vizinha que me ia esquecendo
Então já viu a Maria da esquina
Não é está prenhe a Flausina
Ora comadre é do calor
Pois fique sabendo lá disse o doutor
Enquanto cá estamos é que se vai vivendo
O calor infernal queima a cidade
Por entre as sombras, vozes amenas
Porque hoje é sábado, se esquecem as horas
Passa um turista de alguma idade
Bate uma foto da senhora Joana
Ora ouça lá vossemecê, pare com isso ou leva na mona
Final de Julho, quarenta graus
E eu vou subindo lentamente, os degraus
Que me levam a casa, sorriso alargado
Que há de melhor, que o Alentejo dourado
Amo esta terra, é a minha musa
Mesmo que por vezes a ache confusa.
Antónia Ruivo
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Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...