D’escrever em folhas de papel
Debulhar as palavras
Como quem
Desnuda o corpo de uma mulher!
Capricho um sulco
Sigo o rasto de um veio
E as canetas e os lápis com qu’escrevo
São clítoris de esperança
Paixão abnegada de oleiro
Sobre um dorso recatado,
- Às vezes em pousio;
Cio
De palavras raivosas
Que se intrometem entre linhas já peneiradas
E que provocam
Retrocessos, regressos, excessos
Pelo seio
(De) riscos, ‘sarrabiscos’, ‘pontiscos’;
Circuncisões obrigatórias
Em prepúcios obstinados
Mas
Por vezes precipitados;
Nem sempre a pena obedece à mão,
A mão ao giz,
Que é como quem diz,
À cinestesia do juízo.
Mas no final
Do ponto, reticências ou exclamação
O prazer no desfalecimento
Do desejo retemperado
Ao ver do papiro assentimento
Como um filho desejado.