A anunciação se aproxima
Trazendo um velho gosto.
Sinto que estive, a minha vida toda,
Esperando por isto.
Esta luz convertida em sombras que se faz presente.
Agora é o momento.
E é momento totalmente novo
Livre do peso das eras pesadas e loucas.
É o nosso momento...
Cheirando a orvalho fresco.
Se quisermos o céu, ele será nosso.
E as estrelas do sono eterno
E os raios de luz que rasgam a noite silenciosamente adentro...
Tudo.
Este é o momento de nossas vidas.
O agora, o já.
Antes que o que se fez novo se faça morto e enterrado
E perdido.
Conheço tuas intenções...
Sei bem o que pensas...
Nada é coincidência...
A anunciação se chegou mais perto...
Está quase me sufocando...
E só no que penso é no “tu”...
É no incoerente, é na abjeção sacrossanta
E vã e tardia.
Intenções não bastam...
Os olhares também já não...
(Embora se possa viver deles)
Podem estar se enganando...
Ou pode ser que não.
Este é o nosso momento.
(E pode ser o momento derradeiro).
A vida ou a morte, em nossa frente, nos espera.
Então a decisão se faz necessária...
E inalienável.
E complexa em sua simplicidade.
O que vamos escolher?
(O mesmo céu, o mesmo luar?)
Caminhos de pedra, caminhos do entardecer...
Aqueles lá...
Que bem conhecemos...
Tão íntimos mais que nós mesmos.
Amanhã?
Amanhã pode ser tarde.
Já está a espreita o executor...
Implacável...
Nem um pouco misericordioso.
Mas o que te digo (escrevo) é vento...
Leve e sem sentido (?)...
Talvez já tenha passado por você e você nem o tenha percebido.
E nunca mais ele voltará a soprar na mesma direção (estéril).
Mutilando a si mesmo não o fará.
Só as trevas me cercam...
O medo.
Mas...
Ha-ha.
Eu rio de tudo isso.
Da anunciação, do prenúncio maldito
Ou bendito.
De tudo
Isso.
(Tiago M. da Silva)