não leias os meus passos que na procura do rasto ficarás perdida. nem leias os meus silêncios que na ausência das palavras ficarás confusa. não leias e nada mais.veste-te de primavera com aquelas flores expressivas ao peito e dá um passeio ao âmago do teu olhar. respira os sons da natureza e sente-os como teus, na queda da noite que morre nos teus braços. não leias os meus pensamentos que não estou isento da imensa imperfeição, nem queiras desculpas ou laivos de um sangue esquecido. desculpa-me.não leias o que escrevo, que o que escrevo não deve ser entendido, nem pensado na aurora da inteligência. são traços de uma arquitectura agigantada e quase invisível. tudo perdido. mas, por favor, não leias para que nunca me possas pedir o que nunca te poderei dar – explicações da criação – a mesma que um dia fugiu do criador. perdão. não leias! já te pedi imensas vezes…