Transe-lúdico
Quando em casa me disperso, tudo vira em verso
O cemitério vocabular aberto aguarda o dia do liberto
Almas penadas em feixes saltam palavras como peixes
Das mãos me escorregam e no branco da folha navegam.
O preto e o branco se unem e num significante se imunem
Contra significação da pobreza e a voar alados em leveza
Em auras ao poeta circundam e em idéias fantásticas abundam
Abraços em abraços nascem versos, rimas e rimas renascem
Ressuscitar, significar é a ordem mesmo sendo desordem.
Suor da testa vira tinta, mentira ou verdade que se sinta
Poético transe-lúdico fazer a espera de um eterno acontecer
A contenda entre o A e o B e entre razão e emoção se Vê
Um todo cheio de luz na cognição se transforma e reluz
E na cova dura da lavra, enterro o poeta e salvo a palavra!
(Ademar Oliveira de Lima)
Publicado no site: O Melhor da Web
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