PRECE À LUA
Ó luz que iluminais estas matas num clarão prateado, tingindo peças de verdes folhagens com teus raios fluorescentes. Deixai cair sobre os homens tua límpida pureza, para que a tua luz penetre no fundo dos seus corações deixando-os lavados da poluição mundana. Iluminai, serenai e abrandai os seus instintos. Fazei lívido o olhar de quem te contempla, com os olhos perdidos no imenso vazio salpicado de infinitos pingos dourados, nesta etérea abóbada azul que reveste-nos de sonhos e abstração.
Tudo é poesia quando brilhas tão distante de nós disfarçando a tristeza, quando te trocamos pela luz dourada que o sol oferece. E com um adeus saudoso, aos poucos te perdes no éter divino que já não é mais celeste e puro como o manto da virgem. As pequenas sardas ofuscam-se. O céu agora é povoado por esparsas nuvens. É dia. O mar de prata se foi.
Fátima Almeida
(fafahalmeida)