às vezes, um desvario insólito
absorve-me o pensamento
uma vontade incontrolável
derrama-se de minhas mãos
qualquer coisa inexplicável
inebriante como o arrebol
faz-me sentir a extensão
dos eus que vivem em mim
meu pensar inútil e inexato
conduz-me ao inacessível
num ponto eqüidistante
entre o real e o devaneio
face a face, olhos e sonhos
reconheço-me em todos
e numa indizível espiral
caminhamos submissos
na incerteza desconexa
dos nossos existires.