Homem de olhar trigueiro
Tez de canela e avelã
Porte altivo, não é coisa vã
Sua mão calejada no mês de Janeiro
Vive da terra, na terra morre
Parte pra longe mas sempre volta
Por mais que sorte lhe seja torta
Em passo lento, depressa corre
Traz na bagagem sonhos idos
Levou aos ombros tantos gemidos
De um Alentejo esvaído em sangue
Fugiu da guerra, morreu na luta
Enfrentou a sorte como quem chuta
Sonhos desfeitos pelo chicote
Gerou um filho, em liberdade
Cantou, gritou a igualdade
Homem moreno de um chão imenso
Preso no ser, no sol suspenso
Carrega nos ombros a sua terra
É Alentejo. És tu que geras
Os filhos idos nas primaveras
Lambuzas-te na terra há tantas eras
Olha o mundo, não diz nada
Escuta os jovens, sorriso largo
Porra gaiatos, não sabem que amargo
É um homem gritar de boca fechada.
Olha os jovens, ultimo adeus
São os seus filhos, são netos seus
Passa-lhe a terra, num arremesso
Cuidem bem dela, isso lhes peço.
Antónia Ruivo
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Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...