Prosas Poéticas : 

O fim do teatro

 
O fim do teatro
 
O que mais me aborrece não é saber que não correspondo às tuas expectativas, mas sim saber que já não esperas nada de mim. Parece-me que todo o teu horizonte se resume a um único foco, alguém a quem chamas “amor”. As luzes que te iluminam vão perdendo a força e a direcção. As cadeiras se dobram e deixam os lugares vazios. A pouco e pouco o público regressa a casa. Ficam apenas os actores. Quem pagou bilhete sai desiludido, quem não pagou faz questão de deixar gorjeta. Eu sou forreta, e para que ninguém saiba, vou ficar mais um pouco, até ao fim. Estou decidido. Por outro lado, já não há nada para ver. A luz se confunde com a escuridão. O silencio com os teus risos. Fico à escuta. Fecho os olhos. Oiço os teus passos. Passos que dás para cá. Já sinto o teu perfume. O teu cheiro. A cadeira se desdobra. A do lado. E lá te sentas. O silêncio se confunde com a escuridão. Mas o calor no toque gentil da tua mão me faz sorrir. Que conforto sentir-te perto. Mas o tom da tua voz me deixou desperto. E desperto me afastei apalpando os degraus. De olhos bem abertos tento ver o que me resta. Se foi pouco ou muito nem eu sei. Tudo o que eu tinha lá deixei. Se foi gorjeta ou não, tão pouco interessa.
 
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TrabisDeMentia
 
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Enviado por Tópico
ângelaLugo
Publicado: 25/10/2006 15:21  Atualizado: 25/10/2006 15:21
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Mensagens: 14852
 Re: O fim do teatro TrabisDeMentia
Gostei deste texto seu as vezes se contradiz, mas muito interessante, diferente de tudo que já li...Beijinhos iluminados




Enviado por Tópico
Junior A.
Publicado: 07/04/2007 22:18  Atualizado: 07/04/2007 22:18
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Usuário desde: 22/02/2006
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Mensagens: 890
 Re: O fim do teatro
Por muitas e muitas vezes,
cá fico a ler este poema,
Mas nada posso dizer,
Nem indagar,
Seria um desprazer,
Tal silêncio atrapalhar.
Então tomo mais um gole,
Puxo mais um trago,
E aguardo uma nova sessão:
Tudo vai recomeçar.

Gracias amigo,
Sinto-me como na primeira vez que o li.