Poemas : 

Filho Pródigo

 
Vejo uma luz parda de fundo... Lá longe...
Afogueia o meu rosto... A alma incendeia...
É o mastro em forma de cruz da velha igreja
Da minha criancice que desponta no horizonte.

Meus pés trago cobertos pelas chagas e o pó
Da estrada que andei... Que era longa e comprida...
Estrada isenta de flores que fere sem nenhuma dó.
Da mesma forma que me leva a entrada da minha vila.

É pequenina e longínqua a minha pacata cidade.
Há muito que meus pés não tocam esse chão.
Bate de forma acelerada meu pobre coração.
Sinto me povoar uma tamanha e tal felicidade.

As pessoas que vejo não mais reconheço.
Parece-me que nem elas a minha pessoa.
Devo parecer mais um mendigo a toa...
Um peregrino imundo sem um endereço.

É que meus cabelos estão crescidos e sujos.
Minha barba, os dentes e as unhas também.
Perdi-me, por aí, por esse vasto mundo.
Não me encontrei nem encontrei ninguém.

Vou maltrapilho pela rua central me arrastando.
Recordações da meninice povoam minha mente.
Quantas procissões percorri por aqui cantando!
Quantos beijos dado naquela casa ali em frente!...

O pranto insiste em percorrer minha face.
Ainda é o mesmo... Da mesma cor nosso portão.
Mas, anda mais crescida aquela frondosa árvore
Que tantos fruto pulcros nos dava em pleno verão.

Meu Deus! Não Acredito! Não pode ser! Não!
Aquele homem ali é... O caçula! Meu irmão!
Não pode ser! Meu Deus! Não acredito!
Não me reconhece... Deixei a casa ele era menino...
Não pode ser! Aquele que com ele vai...
É o meu... É o meu... Pai!

Não suporto tamanha pressão.
Desabo em choro sinuoso que caí pelo chão.
Meu pai corre e vem ver o que ali se sucede.
Me levanta achando que sou algum ancião.
Levanta meu queixo e dentro dos olhos ele olha.
Nesse instante seu instinto de pai ao filho percebe.
Vê o filho querido naquela ridícula situação...
E chora!

Abraça-me forte! Mas muito e tanto e tanto!
Grita a todos que seu filho querido voltou!
Nesse instante alguém vem tirando o avental
Secando as mãos, se desabando em prantos!
Minha mãe vem correndo me curar do mal.

Cai de joelhos ao solo em profunda oração
Numa demonstração rara de fé e devoção.
Pega-me e coloca minha cabeça em seu colo.
Beija-me com tanto carinho e com tanto amor
Limpa as lágrimas oceanos que choro,
Gritando aos quatro mundos:
Meu filho voltou! Meu filho voltou!







Gyl Ferrys

 
Autor
Gyl
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1403
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
8 pontos
8
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
varenka
Publicado: 16/07/2010 22:01  Atualizado: 16/07/2010 22:01
Colaborador
Usuário desde: 10/12/2009
Localidade:
Mensagens: 4210
 Re: Filho Pródigo
O filho sublime quando volta os pais ficam adorando.
Que maravilha de poesia!

Abraço!

Varenka


Enviado por Tópico
Avozita
Publicado: 16/07/2010 22:02  Atualizado: 16/07/2010 22:02
Colaborador
Usuário desde: 08/07/2009
Localidade: Casal de Cambra - Lisboa
Mensagens: 4549
 Re: Filho Pródigo
Conseguiste comover-me Gyl.
Um filho é sempre um filho.
Adorei o teu poema.

Beijinhos amigo
Antonieta


Enviado por Tópico
samanthabeduschi
Publicado: 16/07/2010 23:13  Atualizado: 16/07/2010 23:13
Da casa!
Usuário desde: 09/07/2009
Localidade: Curitiba - Brasil
Mensagens: 426
 Re: Filho Pródigo
Colocas tanto sentimento em teus textos! Lindo de viver... amei!

Beijos
Samantha


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/07/2010 00:50  Atualizado: 17/07/2010 00:50
 Re: Filho Pródigo
Me fez lembrar do filho pródigo do texto bíblico tão conhecido.


Beijo

Rosangela