Era noite, tão noite, escuro, tão escuro, os ramos das árvores assustavam as sombras da madrugada, no relógio da igreja batiam as doze badaladas, ouvia-se o canto dos mochos e ao longe, tal como gritos que quebravam o ambiente nocturno ao meio, guinchos de um animal estranho, uma voz que nunca enganou ninguém...
"Vem viver a vida, amor
Que o tempo que passou
Não volta, não.
Sonhos que o tempo apagou
Mas para nós ficou
Esta canção
Há muito, muito tempo
Eras tu uma criança
Que brincava num baloiço
E ao pião
Tinhas tranças pretas
E caçavas borboletas
Como quem corria
Atrás de uma ilusão
Há muito, muito tempo
Era eu outra criança
Que te amava ternamente
Sem saber "
_ Obrigada Cid, gostei tanto da música...
_ Ainda não acabou Mister Frodo.
"Vinte anos mais tarde
Encontrei-te por acaso
Numa rua da cidade
Onde moravas
Ficámos parados
E olhámo-nos sorrindo
Como quem se vê
A um espelho pela manhã
Dei-te o meu telefone
Convidei-te para jantar
Adoraste ver a minha
Colecção
Pelo tempo fora
Continuámos unidos
E cantámos tantas vezes
A canção "
_ Oh Cid. Lembro-me como se fosse hoje da tua colecção de pénis de barro. Lindos. Perfeitos.
_ Nada comparada à tua beleza Mister Frodo.
_ Canta para mim só mais uma vez!Sim?
_ E o Sauron?
_ Eu já enfiei o meu dedo no anel dele!
_ Suponho que já esteja satisfeito. De facto Mister Frodo também eu adoraria sentir o seu dedo ser enfiado no meu anel.
_ Agora? Aqui? Neste Quarto?
_ Grau...
_ Estás a fingir que és um Orc. Bravo Cid... Adorei...
A voz continuou assombrando a noite que já fugia assustada, levava tudo com ela, a lua, as estrelas, fizera as malas à pressa. Era a noite a Fugir e Mister Frodo a deliciar-se com os guinchos de Cid.
. façam de conta que eu não estive cá .