Passa a vida que sempre passa
Pelo canto da mente
E nas horas já vividas
Espera-se a nova que há-de vir
Não sigo o que os livros dizem
[leio-os apenas]
Teria que concordar com o parecer
Das gentes que os escrevem;
Ora o seu parecer não coincide com o meu
Nem sempre
Nem o meu com o delas
Os pareceres ou semelhantes
Não têm que ser verdadeiros verosímeis;
Ora não é?
Eu penso as coisas que vejo
E vejo as coisas como as penso
Que me ensinam os livros de ensinamentos
Se as coisas da vida e dos sentimentos
Não têm escribomania?
Que me importa saber se aquela montanha
É mais alta que a outra?
Não me agastem minha gente
O importante é subir a sua encosta
Escalar escorregar ou até morrer nela!
Que me importam os nomes dos Oceanos?
São mares agitados ou serenos
Maré-alta ou mareante
Manchados a óleo
E isso me abastarda!
Os livros não nos ensinam a olhar
O observar das coisas
Só nos doutrinam os seus nomes
Incluem-nos em passados Maharashtra
No fundo duma velha gruta
Cavernas de Ajanta
Em Arca de Noé
In
Arca de José
Tanto faz
Desígnios traçados em livros santos
Assim passará a vida que sempre passou
Pelo canto das nossas mentes
E nas horas sentidas
Esperamos a nova que há-de vir
Leiam livros criaturas!
Leiam!
Livros que vos façam arrepiar a pele
Multidisciplinar um todo
Em meio à multidão que nos emudece
Leiam poesia!