No silêncio da noite roubaram-me
A inocência de minha alma.
Com promessas de amor e felicidade
Palavras induziram-me a entregar
O corpo para a prostituição.
O vazio da dispensa lá de casa
E o choro de meus irmãozinhos
Mistura-se com o vazio da minha alma
Na busca de prazer
Para acalmar a minha ilusão.
Na esperança de encontrar alimento
Entrego meu corpo.
Não sei se o que sinto é prazer
Ou repulsa
Sinto-me no fundo do poço.
A vida é ingrata aqui nesta cidade
Não oferece alternativa de vida.
O pouco que meus pais ganham
Não dá pra comprar o pão
E as dividas está até o pescoço.
Disseram-me que as crianças
Têm direito a brincadeira
Mas me negam a oportunidade de brincar.
Desfizeram minha inocência e minha felicidade
Nos braços imundos de homens
Que me obrigam a amar.
Obs: Este poema retrata a angústia de uma adolescente que, aos 12 anos, representa as inúmeras que vagam pelas ruas dessa cidade.