Hoje nasci triste. E assim vou morrer, por hoje.
Nascendo assim a maior parte dos dias, hoje não me reconheço. Não sei de que parte de mim arranquei toda esta passividade. Talvez tenha sido da cavidade onde costumava guardar preciosamente os sentimentos. Hoje nem força tenho para argumentar, para te mostrar que, por á mais b, não tens e não tens razão. Não sei se é falta de energia ou se de interesse, tal é a repetição da frustração por todos os hojes do mês, todos os meses do ano, de todos os anos.
Hoje apetece-me dizer-te só: "não quero saber, faz como quiseres, diz o que quiseres, sê o que quiseres e como quiseres, tem orgulho nisso. Amanhã quando me procurares já cá não vou estar. O teu orgulho certamente estará e acompanhará a tua solidão. Não serei precisa, no caso de ser notada".
Mas hoje, por ser hoje, não vou dizer nada. Não tenho energias, vontade ou interesse. Ficamos assim. Hoje. Amanhã, bom, tudo depende de como amanhã nascer.