JARDIM
Autor: Carlos Henrique Rangel
No meu jardim
Não nascem flores...
Espinhos.
Sim, nascem espinhos
Banhados de sangue
Dos meus arranhões.
Alimento.
Sim, crescem lindos
Os espinhos
Alimentados por mim.
Minha ambição masoquista
É te fazer um filho
Em meu jardim.
Não.
Não te odeio.
Você sim.
São suas as sementes
Do meu jardim.
Mas são lindos
Esses espinhos carmins.
Frutos do meu amor por ti.
Venha...
Deixe que rabisquem
Seu corpo
Enquanto sangra-me os lábios
Com seus beijos.
Façamos a continuidade
Nessa dor sagrada.
Meu sangue e o seu
Alimentando o jardim.