Nos fundilhos do silêncio
eu sinto os olhos vestirem
de âmago e luto
por versejos de paixão.
Adormeço enrolado
na sombra do pensamento
e nevam caprichos de tédio
sobre a alma da minha máscara.
Na mão esquerda
a vida é uma prisão
nos bolsos rotos do sonho,
jaula para dias sem assunto
e sorrisos de quebranto
esquivados à loucura,
sussurrando fingimentos
tão mal amados.
Na outra mão,
sem ironias que me valham
tenho uma núvem desconhecida,
negra de emoções e devaneios
que quando afrouxo os dedos cárceres
e deixo entrar algum sol,
sinto-a pular doída
pela esperança que a luz lhe traz.