Em tempos, nos arredores da calma Serra do Louro; próximo de Palmela, vivia uma loba, que gozava da protecção e admiração de todos os seus habitantes.
Abandonada pela sua progenitora com apenas escassas semanas de vida, Matilde, foi descoberta por um jovem pastor, quando este passeava o seu rebanho.
Ao reparar que a cria era muito frágil e dócil, decidiu então adotar o animal, protegendo-a dos caçadores furtivos, que por ali caçavam.
A loba foi crescendo e viveu tranquila por muitos anos numa gruta no interior da Serra.
Sempre que podia, o rapaz dirigia-se á gruta para levar alimentos e inteirar-se do estado da sua amiga.
Os anos passaram e certo dia, a Vila chorou o desaparecimento da primeira filha do pastor. A sua criança com apenas cinco aninhos de idade, tinha desaparecido misteriosamente de casa, sem que alguém soubesse do seu paradeiro. O pastor e a mulher estavam desesperados.
Com a cabeça completamente perdida, Jaime e a sua mulher Maria, deixavam correr as lágrimas, enquanto populares procuravam ajudar a procurar pela criança nos locais habituais, onde a menina costumava brincar.
Abatido pela desgraça, Jaime procurou conforto junto da sua amiga loba e decidiu ir até á gruta, mas algo de muito estranho teria sucedido á sua amiga. O local estava completamente vazio. O animal tinha por hábito recolher-se quando escurecia e isso não tinha sucedido perante o olhar do pastor.
Foi então que Maria, sua mulher se aproximou do marido para lhe dar uma excelente notícia:
A loba solitária, aparecera na casa do pastor, transportando na boca um dos sapatinhos de verniz da menina, para indicar onde a menina estava. A menina Matilde encontrava-se bem e resolvera brincar perto de um velho poço abandonado, onde terá caído e torcido o tornozelo, ficando presa nos escombros e deixado cair um dos seus sapatinhos. Em homenagem ao feito corajoso e inteligente da loba, o pastor e a população, decidiram dar o nome de Matilde á loba, precisamente o mesmo nome da criança.
GABRIEL REIS