Piedade
Deus que me perdoe aquela ilusão
Aquela que o coração não cabia em si
E que o delírio se libertava em pele febril
E o querer se tornava constante e desvairado
Que alimentava a pouca esperança que tinha
Deus que me perdoe aquelas palavras
Que retalharam a introdução de um novo livro
Que separaram os sujeitos dos predicados
Que finalizaram uma possível história
Que calaram a pouca esperança que tinha
Deus que me perdoe os pensamentos
Esses que não conto nem para mim
Esses fadados a me enlouquecer
Que dilaceram, tal navalha afiada
Que consome a pouca carne que tenho
Deus que me perdoe essa cama de vidro
Construída por minhas mãos covardes
Arquitetada pela ignorância desmedida
Por um coração que não soube amar
Que rasga a pouca carne que tenho