Sou alguém e não sou nada
Sou talvez o reflexo da bela crucificada
Sou um prato sem feijão
Sou aquela que vive em sagrada solidão.
Sou aquela que nem marcas no tempo deixei
Sou a esquecida dos olhos que amei
Sou mesmo a visão que ninguém sonhou
Sou a que veio ao mundo encontrar alguém que nunca sequer me procurou.
Sou aquela que a música embalou
Sou a nota que em fé no Amor acreditou
Sou a batalha que a luta se fez vencida
Sou a mulher pelo inimigo destruída.
Sou a rosa pelos espinhos isolada
Sou a mente romântica irrealizada
Sou a forma mais cruel do cândido prazer
Sou a que nunca mais amará em nenhum amanhecer
Sou a aberração de uma paixão
Sou a que ouvia as mentiras do coração
Sou aquela que pena têm os serviçais
Sou o perfume preso nos próprios roseirais.