Já assisti quase tudo refletido nos espelhos das estradas,
Andei caminhos tortos formados em círculo vicioso,
Avistei montanhas de aterro dos lixos das línguas algozes,
E confundi planos com alucinações de doidos pensamentos.
Assisti promessas feitas em horários políticos e acreditei,
Neguei a minha consciência acreditar na demência voluntária,
Misturei intenção vil com intento traçado por coração inocente,
Bati cabeça em concreto tentando assassinar minha ignorância.
Sujeitei-me a suplantar meu senso assistindo disfarce de avestruz,
Surpreendi-me em credo superestimando a minha intolerância,
Ouvindo idiotas discursando cinismo vestido de sábia convicção,
E morri mil vezes condenado à forca pelo meu juízo em febre.
Chorei de medo de me faltar o pão, em meio ao trigal em flor.
Corri em pavor dos fantasmas que afligiam meu futuro incerto,
Acreditei nas promessas que me fizeram os sonhos de menino,
E me perdi na ladeira íngreme e torta da minha vida em curvas.
Reneguei a lucidez de aceitar obediência aos credos impostos,
Vendi meu arbítrio por tostões, entregando-me a vaidade vazia,
Troquei convicções amadurecidas por afagos volúveis ao ego,
Lambi a mãos de demônios em deferência ao brilho do ouro de tolo.
Assisti vidas em decadência arrebentando o fio da navalha,
Sem conseguir distinguir vaidade do saber da ambição demente,
Fiz promessas de redenção dos erros cometidos pela omissão,
Jurei não mais ser acometido pela fragilidade de adiar desejos.
Pequei por não cumprir as promessas que me fiz em silêncio,
Maldisse tantas vezes as minhas derrotas mercê da preguiça,
Ainda bem que a o caminho que avistei em círculo é o meu,
E ainda darei volta em torno de mim, para corrigir meus erros,
Mordendo a própria língua, para não acumular lixo de pecados.