A testa franzida. Os dedos vincados
Correm em estrada branca encardida.
Nas notas soltas saltam palavreados
Desgostosos de amor que lhe trouxe a vida.
O olhar vago e os dedos vincados
Nas teclas vazias como na alma fria,
O pianista chora sorrisos mal esboçados
No amargo sabor da sua melodia.
E o pé que não cansa, e os dedos vincados
Pedalam na esperança de ver agradados
Os tons que lhe apagam a má postura.
E os dedos! Os dedos ainda vincados
Saltam nas pedras duras da própria cabeça...
E uma música acaba sempre que outra começa!
Bruno Torrão