. façam de conta que eu não estive cá .
passam por mim mulheres de corpo feito semi-nuas , prenhes de horrores, seios caídos, leite seco nos mamilos, falam com o olhar perdido entre uma nuvem e a outra, pescoços esguios a sair do tronco. como árvores que crescem, as que crescem, viradas para o sol, com o horizonte ao colo. e ao longe há homens de barrigas altas, cabelos brancos do tempo, rostos voltados para o mar, seguram as estrelas com os seus cajados. um deles, o mais magro, assobia uma canção de amor. tu estás mais à frente sentado numa rocha, as duas mãos presas a um manto longo negro, o coração voltado para poente tece a noite.