Para quem vive um grande amor,
Aninhado no coração, ao alcance da mão,
Que a vista alcança num só olhar,
Ainda assim vive de recordar.
Para quem viveu um grande amor,
E perdeu, e se perdeu e se desfez,
E amarga a solidão ardente na alma,
Ainda assim vive o deleite de recordar.
Para quem nunca viveu um grande amor,
É preciso recordar os sonhos, no seu começo,
Refazer os planos, corrigir os intentos,
E se deixar levar pelas recordações.
Reviver as noites de quimera,
Deixar a ilusão criar forma
E transforma-las em sonhos,
Na arte de recordar, também é viver.
Recordar é viver,
Que seja dos enredos vividos
E contados a dois.
Recordar é viver,
Que sejam das lembranças,
Doces ou amargas do desamor.
Recordar é viver,
Que seja no sonho insistente,
Nos desejos frustrados do amor ausente.