ACASO
Eu nem queria ter ido,
Mas fui
Eu nem queria ter te olhado,
Mas olhei
E foi como uma explosão
Como se estivesse aguardando esse brilho
Desde de muito antes de ser gerado
Você ali sentado e me olhando
Foi minha primeira imagem
A primeira criatura após o renascimento
Aquele olhar tímido e malicioso
Eu nem queria ter falado,
Mas falei
Eu nem queria ter escutado,
Mas escutei
E era veludo nos meus ouvidos
Belas e envolventes mensagens
Nós ali deitados, largados
Desprovidos de qualquer pudor
A primeira criatura ápós o renascimento
Aquela voz suave, firme e certeira
Eu nem queria ter jantado,
Mas jantei
Eu nem queria ter entrado,
Mas entrei
E as cartas se revelavam aos poucos
Algumas indagações desconfiadas
Seguidas de tórridos entrelaços
E os seus braços, ah seus braços...
A primeira criatura após o renascimento
Aqueles braços acolhedores e seguros
Eu nem queria ter me despedido,
Mas me despedi
Eu nem queria ter me envolvido,
Mas me envolvi
E a saudade se determinou cruel
Algumas vezes, dilacera meu humor
Outras, alivia em mensagens
A primeira criatura após o renascimento
Aquele púbis onde me perco e me acho