Poemas : 

Violência gratuita

 
Soa, trina, bale, berra, grita a acordar.
Corre, espuma, raspa, corta, limpa a barbear.
Puxa, tira, enfia, aperta, apruma a vestir,
Corta, barra, trinca, bebe, pronto a sair.

Abre, entra, cinta, arranca, sai a conduzir,
Grita, rosna, curva, chia, sem poder sair.
Trava, salta, corre, de pasta na mão,
Sobe a escada toda a medo, medo do patrão.

Bate teclas, muito atento todo o santo dia,
Volta tarde, já de noite, pela maresia.
Chega a casa já estafado, entra no saguão,
Cheira a lixo na cozinha, roupa pelo chão.

Chega o dia em que diz basta, desta confusão,
Chega o dia para fazer valer sua razão.
Sai de casa aprumado, de arma na mão,
Chega o dia em que diz basta, o dia em que diz: “Não!”


 
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voronov
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