Alma Alentejana
Pela história dos meus antepassados, o nosso viver foi aqui sempre, pelo que parece.
Aqui nós no Alentejo, ainda vamos tendo uma paisagem, não só de planícies, em tudo o que a nossa vista alcança.
Mas muitas vezes o nosso olhar se perde no horizonte, com saudades de mais, de alguma coisa mais.
Procurei a explicação, da nossa origem, de nós seres humanos.
Foi me explicado que vivemos, Eras atrás, em que os rios e mares tinham águas cristalinas, as flores emanavam aromas que hoje já não emanam, pedras preciosas e pérolas pelos caminhos estavam espalhadas.
Que nos comunicávamos pelo cântico, semelhante à opera.
Que o ego não existia tão forte como hoje, e tudo a nossa volta brilhava pois a nossa luz interior, purificava e fazia resplandecer. Uma Era de ouro!
Será dessa época através dos séculos e Eras, que sentimos a saudade e o vazio que nos leva a ir ao encontro de não sabemos quê, com os nossos olhos no horizonte?
Ao encontro de uma natureza não tão despida de vegetação como as nossas planícies, ao encontro desses mares e rios, pois primitivos fomos e nas águas nos fomos desenvolvendo, no ventre materno? Procurando as nossas origens?
Ali no horizonte onde a terra se une com o céu e em que nós somos os observadores e ao mesmo tempo, o meio que permite que toda a energia que vem do alto passe por nós e entre na terra, da terra saia e passando pelo veiculo, nosso corpo, ascenda.
Será que também os nossos ouvidos tentam captar as melodias harmoniosas e as nossas vozes cristalinas, desse passado?
Escutar a doce melodia das ondas do mar a chegar à praia e a areia as absorver, os nosso cabelos a esvoaçar ao sabor da brisa do mar, brisa que nos abraça o corpo, veículo que transporta na terra as nossas almas, como seres únicos.
Ver os reflexos do Sol na água, criando as cores do arco-íris, tentando se completarem assim como nós que somos fogo, ar, terra e água.
Mirian