Sou um diário agreste, demolido pela paixão, umas quantas folhas queimadas de absinto e em deleite pelo delírio. Inebrio-me comigo, com as profetizas da noite, oráculos desconhecidos. Sou memória passada, esquecida nas areias molhadas. Já não mais faço profecias, nem leio mais os tempos idos, também não mais me aqueço com as lembranças do futuro, nem com o nascer dos dias, que emergem nos pântanos negros. Já me deixei de ser, luz nas moradas obscuras, e trevas nas igrejas destruídas. Já me deixei de ser, alimento na dor fácil, e fome no sentimento inexistente. Já me deixei de ser, quando me querem e não querem, quando nasço e quando morro, quando vivo ou me desvaneço, nos restos calados, abruptos, breves, deixados pelo mar. ...