Uma tela toda branca, ainda vazia,
E os dias correndo, portando pincéis,
O livre arbítrio escolhendo as cores,
E as imagens se fazendo no pano limpo,
Sem moldura, sem marcas, sem digitais.
A liberdade de expressão e formas,
Que o tempo vai tecendo sem pensar,
Formando as marcas do artista menino,
Então misturando sonhos e tintas,
Formando cores, imagens e ideais.
A vida é renitente, não pinta a lápis,
Não tem borracha para apagar os erros,
A tela não é sonho, fantasia de poetas,
Que joga folhas escritas no cesto do canto,
E recomeça vida nova para suas quimeras.
Nos corredores infindos de todo tempo,
Como nas calçadas das ruas e dos guetos,
Quadros pendurados mostram imagens,
Pinceladas com cores, as mais íntimas,
Do vermelho berrante ao cinza pálido,
Da natureza morta ao obscuro, abstrato.
A vida é um pano transformado em tela,
As cores, as imagens e os sentidos são nossos,
A moldura somos nós que fazemos, quem escolhemos.
O quadro que carregamos nos braços da alma,
Com quem hoje passeamos e exibimos à multidão,
Amanhã estará dependurado em paredes frias,
E serão tão somente as imagens que pintamos.
EACOELHO