- Resulto de um modo de dizer das coisas, simples e belas como a água que me lava o corpo. Sim, sou eu mesma, igual a ti, que me levas para longe, de um pensar que nem eu sabia existir. Um pensar distinto, que me cobre de tulipas brancas.
- Mas as tulipas são brancas?
- São sim. Brancas da cor dos meus olhos.
- Mas e as rosas e as rosas? Como são as cores das rosas? Têm picos. Já viste o que me fizeram neste dedo? Doe-me este dedo.
- Sim, têm picos. Mas têm também, a cor do mundo quando as tocamos e as sentimos, assim ao de leve. Só ao de leve, como se deve tocar num corpo, afagando-o, e tornando-o belo a nossos olhos. Sabes como é dizer e fazer destas coisas simples e belas?
- Mas eu não sei nada. Cheguei agora! Ainda agora, e não sei sequer a cor do céu.
- Eu cheguei quando me viste entrar por aquela porta. Vi-te nos degraus da minha alma, subindo de mansinho, bem de mansinho. Fiquei ali sentada e esperando que me visses tu, porque eu já não sei onde estão os meus olhos. Subiram ou desceram até ao centro da terra. Foram-se quando ainda eram só rosas em botão. Os picos das rosas, deixaram-nos poisar no seu seio e dormem agora cansados dos picos de outrora.
- Mas eu vejo os teus olhos. Os teus olhos são da cor do mel. Sei porque vi as abelhas a fabricá-lo. Ainda agora vim de lá. Vou levar-te comigo. Dá-me a tua mão.
- Não precisas dar-me a mão. Conheço todos os caminhos de quando ainda tinha a verdade nos olhos. Resulto de um modo de dizer as coisas, simples e belas e tu és o meu guia, o meu assunto do dia, para me dizeres também, de quando tudo era branco nos meus olhos….
(cont)
01/07/10
Resulto de um modo de dizer as coisas, simples e belas, e tu és o meu guia, o meu assunto do dia, para me dizeres também, de quando tudo era branco nos meus olhos…
Epifania & Ainafipe