Há um mundo obscuro, embriagado, morto de paixões, insaciável de prazer, no gosto lento, ardente, imóvel, carente de emoção, nas raízes ocultas das entranhas da terra, nas árvores caídas, recheadas de asas indolentes.
Queimam-me as pálpebras, lentas, que se recusam a abrir, refugio-me na tranquilidade amena da guerra que fere, abro-me no resquício cinzento da tormenta e na nuvem tardia. Custa-me o ar que sorvo, demora-se na passagem por mim.
Sinto-me no sangue quente, ávido de prazer e lascívia. Solto-me, na candura do orgasmo e no êxtase fácil. Altero-me, passeando-me pelas névoas espessas do não querer. Só a mágoa não está presente na dádiva virgem que dou.
Só a insolente paixão pela morte moribunda trás algo novo. Agora incendeiam-se fogueiras para os rituais, já se perderam os fumos nos incensos queimados, já se tornaram invisíveis os sentimentos no descanso.
É mais fácil, ser assim, um poço de rancores e um depósito de melancolias. É mais fácil, condensar a mágica insanidade petrificada, e não a revelar. ...