Apenas cansaço...
Apenas um cansaço, um abandono à solidão, um rasgar de sentimentos que já não existem...os sonhos...a vida a dois que ficou nas palavras...não ditas...na mágoa profunda que os anos deixaram...num amor que é passado...num presente que é apatia, um muro construido lentamente, dia após dia, separando toda uma vida, temendo a noite, que me deixa frente a frente, com a realidade...num corpo vazio de paixão... morto. Numa luta de silêncios, num caminhar só, no coração que não sente nada, num vazio de lembranças apenas...do tempo...do ontem...na alma e no corpo... o nada, nos momentos obscuros que me seguem, me prendem, na rua vazia do meu abandono, num diálogo de cinzas, na névoa do tempo...onde estás ausente, nas palavras...no pensamento, na distância infinita da indiferença, no desejo morto...na amargura do tempo, na morte secreta do abismo de memórias apagadas, nas palavras amargas...inertes esperando no vazio, na tortura do tempo...na cinza dos olhos, que já brilharam...hoje são treva...sombra de silêncio, nas lágrimas que caiem docemente, na noite imensa do meu desespero, nas madrugadas que se perderam no tempo...no vazio da ternura, sem um sopro de esperança, nas mãos vazias...no refugio da solidão fria, que vive comigo...num muro eterno, que restou do esquecimento... dos sonhos...que o tempo esfumou, nas sombras que trazem a saudade, agonizando num passado de indiferença e desencanto...nos gritos contidos...no obscuro infinito, da errante noite do meu caminho.
Nas memórias da noite...tenho a tua ausência
Neste Outono que me veste...deixo meu abandono
Neste caminho sem fim...nesta triste dolencia
Neste tempo, sem tempo...neste sofrer sem retorno
O meu cansaço...mora no tempo, na eternidade
No silêncio calado...na escuridão das horas
Desencontrada entre a bruma e a claridade
Na linha do horizonte...onde tu solidão moras
Sou da morte a sombra...no descanso que tarda
Na noite tu me segues...além do pensamento
Sou a sombra que te segue...esperando o momento
De encontrar na eternidade...a luz da madrugada
Minha vida incerta, dolorosa...caminho sem volta
Na profunda solidão...tão perdida, tão carente
No meu grito...toda a dor...toda a revolta
Nesta saudade de mim...nesta mágoa fremente
RosaSolidão