Soneto da Paixão
Há fogo, no meu peito a flamejar
Há fagulhas de desejo, que incendeiam...
E nem os restos de incerteza, já cerceiam,
Os meus olhos, no deleite de te olhar.
Há tremores em minha voz, sem que o queira.
Há perigo nos meus lábios, quando em flor,
Se abandonam aos teus beijos e sem pudor
Vão inflamando, de promessas, esta fogueira.
De que vale erguer barreiras, á força insana da paixão
E, cercar de dardos e espinhos, os trilhos do coração,
Se trago, vibrando em mim, tamanho a fogo, a crepitar?
É como alguém que se negue, ao que é sublime, belo e alado
E, por vergonha, medo ou torpor, se deixe quedar, prostrado...
Agonizando ás portas da vida, no desejo de se lhe entregar!
MJose