O sol está forte e desbota minhas cores
Estou com febre, e muito desorientado
Não sei se ouço gritos ou lascivos rumores
E se devo concertar o que havia quebrado...
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Sou um homem que queima tão febril
Lágrimas quentes em meus olhos ardem
Recaio de dores, reclamo tão vil
Espero orando que os outros se calem...
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A chaga castiga o corpo e faz sofrer a alma
Consome com a mente, e faz perder no raciocínio
O fraco entorpecente alivia, mas não acalma
A dor não me exerce algum fascínio...
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Não vou rogar-te nada, não quero algum consolo
Sabe tu, os deveres dos filhos seus
Não traio a palavra para não cair em dolo
E não negarei que cheguei a duvidar de Deus...
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Continuo febril e o calor faz-me delirar
Pensei por segundos estar levitando
Talvez o anjo da morte estava a me carregar
Pois o mundo está em pé, e eu desabando...
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Acordei com meu grito na noite gelada
Ainda tremulo, sinto o coração sair pela boca
Vejo um vulto mexendo-se, é uma sombra calada
O império de uma variação tão louca...
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Estou marcado por três pontos definidos
São três as estrelas que a mim te conduz
No calvário, dois ladrões e o prometido
Entre esses ladrões, foi que morreu Jesus...
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Não, não estou à espera de um milagre
É fria a consciência do Senhor da Guerra
Espero que sua palavra não se deflagre
Chega de sangue banhado nossa terra...