Quem és tu que entoa o meu nome,
ao longe enfeiticei-me pela voz...
percorro os vales das trevas,
quero-te ver, quero-te sentir...
porque chamas o meu nome?!
não me tocas, não me vês, mas chamas-me?!...
vieste das brumas...
feiticeira de vampiros,
alma sonhadora,
alma tenebrosa,
alma negra...
mas cheia de luz,
vieste para me reacordar,
que é no acordar,
que está o bilho do nosso olhar,
vieste-me quebrar,
em mais uma lua cheia,
que nasce e se põe,
ao som da tua voz,
que sem dó nem piedade...
canta o canto da sereia,
que me vai enlouquecendo,
que me vai atordoando,
na caminhada por estes vales,
quero-te beijar,
porque chamas o meu nome ó musa do além?
porque estás e enfeitiçar-me?
maga dos sonhos, pesadelo dos mortais,
Não te vejo...
Mas pressinto o teu arfar,
quente e humido no meu pescoço,
o meu coração dispara,
sinto os teus dentes afiados cravarem-se,
mordes o meu pescoço e sugas o meu sangue,
unes-nos numa só veia...
unes os nossos corpos na união de almas...
tornas-me imortal...
Mas afinal...
chamas o meu nome?
E não te vejo...
encobres-te nas brumas,
encobres-te nos mortais,
não chames o meu nome...
não cantes por mim...
já estou enfeitiçado meretriz de almas,
tornas-me em vampiro,
vou voar todas as noites,
ao alcance dos teus lábios,
ao alcance do teu toque,
vou amar-te, em cada mordidela,
vou aprisionar-te em cada vez que te amar,
vou te descubrir nas brumas...
chamas o meu nome...
chamas a minha alma...
não devias,
não pressentes, que te vou enlouquecer?!
Agora... que sou vampiro...
Agora que pertenço às trevas...
não fujas...
vou te levar até ao luar dos malditos...
onde te vou desnudar,
onde te vou apaixonadamente amar...
até a noite morrer,
e o dia começar a desflorar,
tornarei me gargula,
com os teus seios nas minhas mãos,
e a tua boca empedrada na minha,
em beijo cruel de sensualidade.
num erotismo erguido em estátua,
pelo menos até a noite ser dia...
e o dia ser noite.
Alexander the Poet