Estava pensativo!
Sentado sobre uma rocha no caminho.
Divisava o vale e as montanhas, ao fundo.
Como havia chegado àquele ponto?
Porque nada fizera para evitar?
Ou se inevitável, pelo menos, atenuar.
Essas e outras divagações,
Inquietavam o espírito de Pedro.
O cenário mostrava-se incrivelmente belo,
Acolhedor, suave brisa soprava ao sul,
As últimas chuvas tornaram o vale
Mais verde, florido, exuberante.
As águas já repousavam no ventre do lago
Límpidas, havia peixes em profusão,
Pássaros migrantes nos arbustos,
E a canção d´água nas pedras do riacho.
Corredeiras, águas polindo as rochas
Seixos de diversos tamanhos.
Pedro na margem espelhada observa
Seu próprio semblante, tão sereno.
Estar e ficar não são a mesma coisa,
Fisicamente permanecia no lugar
Pelas lembranças e antigos apegos
Espiritualmente desejava partir.
Na hora do poente,
Dourados raios refletiam no lago,
Pedro mergulhou profundamente
Neste encanto e adormeceu...
Ao despertar, aos primeiros sinais
Da manhã, tem uma revelação ...
Enfim percebeu que havia cruzado
Mais um portal de sua existência.
E entre surpreso e excitado
Tocando-se, beliscando a pele
Sentiu estranha sensação, deixara
O corpo para trás, era espírito de luz.
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em janeiro de 2008.
Imagem: Peter van Straten ~ Man of street