ele era vítima-salvador de condição.nadei–lhe ao largo da torre de vigia.mas,como não me viu,nem me afoguei sequer,não me veio salvar.chorava-se e chorava outros e todos choravam satisfatoriamente enchendo aquele mar de sal e de sentido.
sempre ouvi dizer que quem não chora ,não mama.deve ser por isso que vou morrendo à míngua nesta solidão submarina.nado nas lágrimas dos outros e observo os peixes,ora medrosos ,ora indiferentes,que passam. tenho penas de gaivotas molhadas nos olhos, mas de nada me servem. na boca:uma doença incurável a pescar palavras da guelra. haja para tal oxigénio em botijas e alguma respiração. e mais?...mais nada.nada...nada.bem sei: passo pela vida a nadar.
cruz mendes