Quando lhe vi deitada entre as rosas brancas
Desejei mais do que nunca lhe dar um beijo
E dos portões do paraíso arrancar suas trancas
Formalizando a este meu mórbido desejo...
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Queria sentir sua boca esfriando aos meus lábios
E sentir também o teu corpo sob o meu já fleumático
Se eu pudesse decifraria tua história deste alfarrábio
Tentando descrever o que me leva há este ecfráctico...
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Então eu escreveria tudo ao teu ventre
Na morbidez pálida desta tua pele
Que por ventura, agora nada mais sente
Então não há nada mais que me libele...
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São necrófilos desejos dominando minha mente
Ao ver rosas brancas que adornam e perfumam
Este leito onde seu corpo jaz, mas ainda envolvente
Onde minha estranha conduta, em outras se resultam...
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Porque quando partiste lentamente, abandonei a razão
E pude ouvir voluptuosas vozes do teu frio mármore
“- Venha comigo, não lhe dê esta privação
Nossos momentos foram bons, e jamais serão imêmore...”
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Então escolherei a daga mais afiada que me cortará a garganta
Sangrando-me, deixando as rosas que eram brancas agora vermelhas
E ao ver meu corpo decaído em terra, e que não mais se levanta
Saberei que de minha vida se apagou a ultima centelha...
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Mas era apenas um pesadelo, então com susto me acordo
Vejo-me em meio ao nada, de meu próprio eu
Olho para ao lado ainda há sua foto, então me recordo
Que por ti o meu desejo ainda não morreu...
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Então procuro ao castanho de teus olhos embriagados
E há teu corpo devasso em meu desejo profano
Meu mórbido desejo, e mesmo que a vida tu já tenha cruzado
Serei uma nau fantasma, me colocarei a deriva no teu oceano...